Fim da década de 1940, Morro do Jacu, interior de Araquari. Longe dali, a grande guerra tinha acabado, mas naqueles pastos poucas notícias chegavam. O que interessava era preparar a terra para a lavoura, tratar do gado, cuidar dos porcos, das galinhas e dos cavalos, viver cada dia na rotina do trabalho, na rotina dos pequenos afazeres que moldavam a vida daqueles agricultores do antigamente. Cavalos sempre foram os preferidos de Ricardo, um dos muitos filhos de Rufino e Alice, os donos daquelas terras quase que totalmente cercadas pelo rio Piraí. Eram animais que tinham tudo o que ele gostava: velocidade, força, elegância. E a liberdade dos pastos, dos galopes nos amanheceres, além das carreiras nas raias, a melhor diversão dos finais de semana. Ricardo cuidava dos cavalos, mas não sabia como eles nasciam. Certo dia, lhe contaram uma história e os dias de Ricardo passaram a existir para comprovar tal história. Um dos cavalos do pai morreu, Ricardo nem ligou se era macho ou fêmea, queria mesmo era que o cavalo apodrecesse logo, afinal precisava dos dentes do cavalo para fazer sua experiência. Rufino retirou o cavalo do pasto e o levou a um descampado, nos limites de sua terra. Logo os urubus começaram a sobrevoar o lugar, Ricardo os acompanhava de longe, quando eles fossem embora é porque tudo estaria pronto. Dias e dias de espera, aos poucos os urubus foram rareando, apenas uns poucos ainda pousados nas embaúvas e nas inhoçaras, até que Ricardo não viu mais nenhum. Finalmente pode se aproximar da ossada do cavalo morto. Os urubus e uns dias de chuva tinham acabado com quase todo o cheiro ruim. Ricardo aproveitou o fêmur do cavalo para passar sobre uma verruga que o acompanhava há tempos, mas nisso pouco acreditava, fez apenas porque certa vez viu um vizinho fazer, e não custava nada tentar fazer isso também. Porém, o que interessava ali eram os dentes do cavalo. Ricardo, lentamente retirou um por um como se fosse um troféu. Limpou todos nas águas ainda limpas do Piraí e os trouxe para o quintal da mãe. Entre uma horta de repolho e uns pés de cebola, plantou os dentes do cavalo, pois segundo lhe contaram, se fizesse isso, logo nasceriam potrinhos e ele não só poderia ter o seu cavalo, mas substituir ainda aquele que morreu. Assim, no outro dia, a primeira coisa que fez ao se levantar, foi correr para o quintal ver se seus cavalos nasceram. Repetiu o gesto por quase uma semana, até que desistiu. Convenceu-se que não tinha uma mão boa para plantar cavalos. Talvez quando ficasse maior conseguiria, ou os dentes plantados não fossem boa semente, talvez o cavalo fosse muito velho, ou tivesse trabalhado demais e por isso não quisesse nascer de novo. Tudo isso passou pela cabeça de Ricardo até que, aos poucos, entre uma caçada, uma pescaria, uma cavalgada e outra, ele descobriu como realmente nascem os cavalos...
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A verdadeira história de Papai Noel
Feliz Natal :)
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Poema de Natal
Marianne Moore
A Beleza e o filho da Beleza e o alecrim -
para flar claro, Vênus e Amor, seu filho -,
supostamente do mar nativos,
cada qual no Natal, em convívio,
engrinalda festão festivo.
Nem sempre alecrim-
desde a fuga para o Egito, é diferente o viço.
De folha lanciforme, verde mas argentina
por baixo, as flores - brancas no início -
são hoje azuis. Não é tão lendária
esta erva da memória, que imita o
manto azul de Maria,
a ponto de florescer como símbolo ou pique.
Medrando em pedras junto ao mar, de Cristo aos trinta
e três a estatura - de rocio
se nutre e como a abelha fla a "língua
do silêncio"; é na verdade um tipo
de árvore de Natal.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Dialogo sobre un dialogo
Z (burlón). —Pero sospecho que al final no se resolvieron.
A (ya en plena mística). —Francamente no recuerdo si esa noche nos suicidamos.
Jorge Luis Borges (EL Hacedor)
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Poema de Cristiano Moreira
A garrafa ágrafa
a garrafa ágrafa
poeira da escritura
porosidade da língua
a garrafa ágrafa
palavra pintura piano
silêncio
estrelas
a garrafa ágrafa
a mão espalmada
um lance de dados
um giro de facas
um olhar
a garrafa ágrafa
corpo mundo
=
habitação
=
espaço
a garrafa ágrafa
texto = texto
texto
texto = texto
a garrafa ágrafa
o eixo do vazio =
o branco entre-palavras
(nada =...)
a garrafa ágrafa
a imagem de tudo
um furo
=
conteúdo =
sobrenaturezaquinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Poema de Cristiano Moreira
o sagitário avança na direção do sol
outra vez e passa
o mímico em sua pantomima
meio homem-equestre
camaleônico
o sagitário segue para o mar
que o sal em sua pele
tantas vezes pintada dance
em seu corpo desdobrável
outra rota zoodiacal
o sol aguarda atrás do horizonte a chegada
de quíron para outra consulta sobre sonhos
dizia ao escorpião em um tempo anatanho
que queria o texto que só tivesse boca
um texto que fosse além do ponto
aquele em que se fica mudo
para ouvir o que realmente o mundo
cantaria em sua boca
o sagitário avança em direção ao sol
e passa
mímico em pantomima
meio iara meio saci
imitando o mar.
publicado também no blog cultura navegante
William Mortensen, 1932

CURIOSIDADES
Se você ficar gritando por 8 anos, 7 meses e cinco dias, terá produzido energia sonora suficiente para aquecer uma xícara de café.
O coração humano produz pressão suficiente para jorrar o sangue para fora do corpo a uma distância de 10 metros.
O orgasmo de um porco dura 30 minutos.
Uma barata pode sobreviver 9 dias sem sua cabeça até morrer de fome.
Bater a sua cabeça contra a parede continuamente gasta em média 150 calorias por hora.
O louva-deus macho não pode copular enquanto a sua cabeça estiver conectada ao corpo. A fêmea inicia o ato sexual arrancando-lhe a cabeça.
A pulga pode pular até 350 vezes o comprimento do próprio corpo. É como se um homem pulasse a distância de um campo de futebol.
O bagre tem mais de 27 000 papilas gustativas.
Alguns leões se acasalam até 50 vezes em um dia.
As borboletas sentem o gosto com os pés.
O músculo mais forte do corpo é a língua.
Elefantes são os únicos animais que não conseguem pular.
A urina dos gatos brilha quando exposta à luz negra.
O olho de um avestruz é maior do que o seu cérebro.
Estrelas-do-mar não têm cérebros.
Ursos polares são canhotos.
Seres humanos e golfinhos são as únicas espécies que fazem sexo por prazer.