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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dennis Radünz lança primeiro livro de prosas em Porto Alegre


PRIMEIRO LIVRO DE PROSAS DE DENNIS RADÜNZ

Escritor catarinense Dennis Radünz faz na 55a. Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 3, o pré-lançamento do livro "Cidades marinhas: solidões moradas" (Editora Lábias), um volume de prosas publicadas no jornal Diário Catarinense (de 2004 a 2008), com fotografias da série “Homem de açúcar” da artista Aline Dias, prefácio do jornalista Dorva Rezende e concepção editorial e gráfica de Vanessa Schultz e Radünz. Seleção de 1/7 de suas prosas, o livro transita da crônica ao conto, do lírico ao trágico, com ironia e uma escrita sofisticada que revisita a própria infância, fala dos 'associais' (catadores de lixo, andarilhos, desistidos), reescreve a "Máquina do Mundo" de Drummond e visita o linguajar de Guimarães Rosa. A coletânea inclui um poema-crônica - a sextina "Desterra" - e a mais conhecida de suas crônicas, "Cidades marinhas ou que seriam" (2007), em que o narrador imagina oceanos mínimos e portáteis nas pequenas cidades do interior de Santa Catarina. Diz uma das prosas de seu "jornalirismo": “Ler é uma possessão consentida”. Radünz também realiza na Feira leituras dramáticas de Lindolf Bell (lançamento de "Melhores Poemas") e Silveira de Sousa (o escritor homenageado na Feira).

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cristiano Moreira na Feira com O Calafate Míope

  • Intercâmbio estadual (1)

    Grupo RBS

    Santa Catarina é o Estado convidado da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre. Cristiano Moreira, escritor natural de Navegantes (Vale do Itajaí) é um dos três selecionados da região para o evento. Os outros São Dennis Radünz e Péricles Prade. O escritor irá para Porto Alegre com o seu segundo livro O Calafate Míope - Cinema Incompleto, baseado na memória e na vida do personagem principal, um profissional de vedação de barcos, o autor participa de um debate com outros escritores, na segunda-feira.


    As imagens que ilustram o livro são do fotógrafo Marcos Porto, nosso colega de Santa, tiradas nos estaleiros de construção naval da ribeira do Rio Itajaí-Açu, na margem da cidade litorânea. Funcionam como desenhos de cenas do roteiro poético da vida do calafate míope.

  • Intercâmbio estadual (2)

    Grupo RBS

    Se você está interessado em participar da Feira do Livro, em Porto Alegre, que abre amanhã e segue até 15 de novembro, fique atento. Está rolando uma excursão, que tem saída dia 6 de novembro, em frente à Furb.

    A intenção é chegar cedinho e aproveitar bem o evento, bem como a Bienal do Mercosul. Informações pelo email: sheilamad@furb.br.


    Fonte: Jornal de Santa Catarina - 29/10/2009.

  • quarta-feira, 28 de outubro de 2009

    Três singulares na Feira do Livro de Porto Alegre

    Cristiano Moreira, Dennis Radünz e Marco Vasques farão debate sobre a literatura feita em Santa Catarina na Feira do Livro de Porto Alegre


    Santa Catarina é o estado homenageado na Feira


    A Feira do Livro de Porto Alegre contará com a participação expressiva da literatura catarinense durante sua 55ª edição, que começa nesta sexta-feira (30) e termina em 15 de novembro. Este ano, Santa Catarina comparece como Estado Convidado, e 15 escritores e estudiosos de literatura foram indicados para integrarem a movimentada programação da feira, participando de mesas redondas e divulgando seus trabalhos.
    O catarinense Silveira de Souza será o escritor homenageado, em uma lista da qual também fazem parte Dennis Radünz, Carlos Henrique Schroeder, Rodrigo de Haro, Alcides Buss, Amilcar Neves, Clotilde Zingali, Ramone Abreu Amado, Cristiano Moreira, Fabio Brüggemann, Tânia Piacentini, Péricles Prade, Eliane Debus, Marco Vasques e Tânia Ramos. “Levamos em conta a qualidade e representatividade literária desses escritores e estudiosos. Tomamos cuidado para também indicar representantes da nova geração da literatura catarinense, e procuramos representantes de fora da Capital, apesar de haver grande concentração de escritores em Florianópolis, o que é natural. Foi um trabalho difícil, inclusive tivemos convidados que declinaram por problemas pessoais, como agenda comprometida ou problemas de saúde”, explica a diretora de Difusão Artística da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Mary Garcia, que coordena a ida da comitiva catarinense para a Feira.
    Ela lembra que esta é a primeira vez que Santa Catarina participa como Estado Convidado. Segundo o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro João Carneiro, entre os motivos que levaram à escolha do Estado estão a possibilidade de troca cultural com o Rio Grande do Sul e a riqueza da cultura catarinense, em especial no que se refere à produção literária e editorial. Para Mary Garcia, a participação é muito importante para o Estado. ?Essa é uma oportunidade muito especial para promover o contato com escritores de todo o Brasil e do exterior, mostrar nossa literatura e apresentar o pensamento catarinense através dos debates?, considera.
    A homenagem ao escritor Silveira de Souza está prevista para o dia 02 de novembro, segunda-feira, e será precedida pela declamação de dois contos do autor pelo também literato Dennis Radünz. No dia anterior (1), Silveira de Souza autografará seu décimo livro, “Janela de Varrer”, da Editora Bernuncia, lançado em 2006. Aos 76 anos, o ocupante da 33ª cadeira da Academia Catarinense de Letras transita entre os diversos gêneros literários e é reconhecido pela habilidade em transformar os desencontros da vivência humana em ficção. Os catarinenses protagonizarão também muitos lançamentos de livros e sessões de autógrafos, e integrarão mesas redondas sobre temas variados, como reedição dos autores dos séculos XIX e XX, novos editores e autores e leitura na internet.
    A Feira do Livro de Porto Alegre é maior feira a céu aberto da América Latina e atrai milhares de pessoas todos os anos. Toda a estrutura será montada na Praça da Alfândega, no Centro de Porto Alegre, onde estará também o estande catarinense. Lá, os escritores se revezarão no lançamento de livros, encontros e oficinas. Segundo Mary Garcia, a permanência média dos autores de Santa Catarina na feira será de dois dias para cada um. Ela ressalta que a FCC vai arcar apenas com o valor das passagens, já que hospedagem, alimentação e translado do hotel ao evento serão pagos pela Câmara Riograndense do Livro.


    MESA 2 “Literatura Catarinense: Novos Autores/Editores”
    DIA: 02 de novembro de 2009
    HORÁRIO: 17h30 - Sala O Arquipélago - CCCEV


    Péricles Prade
    Cristiano Moreira
    Dennis Radünz
    Fabio Brüggemann
    Marco Vasques

    Matéria feita pela jornalista Deluana Buss

    Crônica de Rubens da Cunha

    Publicada no dia 28 de outubro de 2009. Jornal A Notícia
    ACORDAR É PRECISO?
    Amanheceu desordenada. Antes de abrir os olhos, lembra-se do feito na noite passada. Por que a pessoa tem de acordar? Abre os olhos, Clara não está mais ali, claro que não estaria, claro que se levantou no meio da madrugada e saiu porta à fora, vida a dentro. Senta-se na beira da cama, espreguiça-se, olha o quarto desordenado também. O álcool, os risos, a comida, os olhares, mãos e língua, tudo volta embaralhado. Levanta-se, junta um pouco de roupa, põe no cesto de roupas sujas, pudesse se colocava lá dentro também. Tinha prometido que não cairia mais na armadilha de se apaixonar, de se lançar numa aventura com outra mulher, não com esse tipo de mulher que Clara era. Tão diferente do nome: escura, mesquinha, mas ao mesmo tempo tão sedutora. Abre mais os olhos, abre a janela, lá fora a vida amanhece para muitos. Logo ela será uma dessas formigas que vê caminhando lá embaixo. Talvez pudesse interromper o trabalho das formigas se se jogasse. São dez andares. Mais fácil trazer Clara de novo e jogá-la, aí, sim, estaria fazendo as coisas direito. Quando voltar, vai se livrar de todas as velharias que estão nesse apartamento. Deveria ter se livrado de Clara antes. Ela disse que, dessa vez, não iria embora, que era para ficar, que era para sempre, que Clara parecia tão sincera, tão verdade, e foi se chegando e foi se apertando nela, que não teve escolha: acreditou, mais uma vez, a quinta. Entra no banheiro, despe-se. A água escorre corpo abaixo, olha a espuma sumir-se no ralo. Cinco vezes, cinco vezes trouxe Clara para a sua vida, e cinco vezes foi abandonada. A culpa não poderia ser de Clara, mas somente sua, afinal, Clara era movida apenas pelos seus sins. Enxuga-se. Olha-se no espelho, bonita ainda, tem certeza. A pele macia, os seios firmes, sorriso inteiro, cabelos vastos, tudo nela resplandecia beleza e juventude, por que então essa dependência, esse contínuo perdão às falhas de Clara? Sempre o mesmo, quase um vício, tanto dela em se deixar levar, quanto de Clara em pedir sempre um retorno, sempre uma segunda chance. Abre o guardarroupa. Veste-se da maneira mais elegante possível. É preciso superar a dor de alguma maneira, nem que seja pela roupa. No canto, uma blusa de Clara, lembra-se do dia em que compraram. Quando voltar de noite, a blusa, as fotos, os fios de cabelo que por acaso ainda estiverem sobre a cama, tudo vai para o lixo, tudo vai sair desse apartamento. À noite.Tenta tomar um café antes de sair. Não consegue. A garganta fecha-se diante de mais uma partida. A cadeira onde Clara costumava se sentar ainda está do jeito que ela deixou, meio de lado. Uma lágrima por sobre o rímel. Controla-se. Levanta-se. O dia de trabalho intenso à espera. É provável que, quando voltar, Clara esteja novamente sentada na porta pedindo perdão. É provável que, pela sexta vez, diga sim, pode ficar. É provável que jamais conseguirá ser de outra forma. Tranca a porta atrás de si. Por que será que as pessoas têm de sempre acordar?

    Rubens da Cunha

    segunda-feira, 26 de outubro de 2009

    Crônica de Rubens da Cunha

    Publicada no dia 21 de outubro de 2009. Jornal A Notícia



    A VIDA É BREVE

    "Nada se salva quando suamos desgraça.” Esta frase é do romance “A Vida Breve”, do uruguaio Juan Carlos Onetti. Trata-se de um romance paradigmático do século 20, com personagens intensos, que transitam entre relacionamentos, escolhas erradas, traições. A frase carrega em si uma verdade explícita, que, no mundo contemporâneo, poderia ser facilmente abduzida por um manual qualquer de auto-ajuda e se tornaria mais um clichê pró-felicidade 100%. É evidente que nada se salva quando suamos desgraça, mas também nada se salva quando suamos felicidade, fé, ódio, amor, quer dizer, quando nos reduzimos a uma coisa só, a um campo de visão apenas, quando elegemos uma verdade única e imutável. Tenho visto muito isso ultimamente: gente cada vez mais escudada por uma ideia fixa, seja negativa ou positiva. Já diz o ditado: quem tem um filho não tem nenhum. O mesmo se pode dizer das ideias, dos sentimentos, dos caminhos escolhidos. Penso que o suor humano deva ser misturado, deva ser vitimado pela dúvida, pela inconstância, pela alegria tanto quanto pelo desespero, pela angústia, enfim, somos mais completos quando somos múltiplos, “umasómultiplamatéria”, para usar a expressão de outra grande: Hilda Hilst. Dentro do romance “A Vida Breve”, esta frase vem acompanhada de uma interessante teoria do personagem que a pronunciou. De acordo com ele, quando suamos desgraça é preciso que a gente queime toda a roupa velha. Tem de queimar, destruir, não pode doar, pois se a roupa for passada para outro ela “arrastará seu novo dono e nos perseguirá”, a roupa retornará a nós para devolver seu veneno. O personagem recomenda também que, além de queimar a roupa, é preciso tomar um banho bem quente e beber um copo de sulfato de magnésio, o famoso “salamargo”, dormir e pronto: no outro dia, “tão novo como um recém-nascido, tão alheio a seu passado como o monte de cinzas que deixa atrás de si”. Não há dúvida que se empenhar em conseguir ser menos obcecado por algo único passa por queimar tudo, largar velharias, abandonar dogmas, desistir de sonhos, experimentar novas aberturas. Claro, nem sempre precisa ser tão radical. Pode-se abrir uma nova porta sem necessariamente fechar a antiga, mas é preciso perceber quando a velha porta aberta nos fecha novos caminhos. Enfim, é sempre algo angustiante, algo que nos tira a certeza. Os personagens de “A Vida Breve” vivem dentro desse universo de agarrar-se ou desgarrar-se, apegar-se ou desapegar-se. Talvez, por isso, seja um romance tão atual, pois retrata os avessos e os direitos da humanidade, ao mesmo tempo em que é também um romance difícil, pois estamos cada vez mais inseguros, mais necessitados de portos seguros, de visões e conceitos únicos. Está cada vez mais difícil ser “a metamorfose ambulante” do velho Raulzito, mas precisamos tentar: ideias únicas e roupas velhas já levaram o mundo a grandes guerras e grandes violências. E como prenuncia tão bem o romance de Onetti, a vida é breve para ficarmos presos a ninharias. Temos é que viver a largueza da brevidade da vida.

    segunda-feira, 19 de outubro de 2009

    Poemas de Marco Vasques na Casa das Rosas



    Atriz catarinense, Claudiane Carvalho, que vive em São Paulo, fez um recital com poemas de Marco Vasques na Casa das Rosas. Os textos lidos por Claudiane pertencem ao inédito Flauta sem Boca.


    Os poetas Dennis Radünz e Marco Vasques são os dois singulares que compõem a antologia O Novo Conto Catarina. O livro foi organizado pela escritora e professora do departamento de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina, Regina Carvalho, e tem por objetivo mostrar a novíssima safra da prosa produzida em Santa Catarina.

    sábado, 17 de outubro de 2009

    Poesia para gostar de ler Poesia


    Uma antologia da poesia joinvilense

    A antologia poética Poesia para gostar de Poesia, com seleção e textos Marco Vasques e Marcos Vinícus Scheffel, foi lançanda recentemente no colégio municipal Geraldo Wetzel, Jlle. A opção por lançar numa escola tem a ver com a natureza do projeto, pois se trata de uma antologia de poetas joinvilenses. O livro vai ser distribuído gratuitamente às escolas através de parceria feita com a Secretaria de Educação da cidade. O poeta e crítico de poesia Marco Vasques vai falar sobre a produção poética da cidade para alunos e professores com o objetivo de apresentar os poetas da cidade para a cidade. São 15 poetas ao todos: Fernando José Karl, Ramone Abreu Amado, Rubens da Cunha, Clotilde Zingali, Alcides Buss, Marcos Alqueire, Caco de Oliveira, Cristiano Nagel, Dúnia de Freitas, Carlos Alberto Correa, Patrícia Hoffmann, Rita de Cássia Alves e Valmir Capim, Marinaldo da Silva e Silva e Paulo César Ruiz.

    Em entrevistas para os jornais Notícias do Dia, Diário Catarinense e A Notícia, Vasques fala sobre o livro: "Octavio Paz diz que “a poesia é uma operação capaz de transformar o mundo. Que é conhecimento, salvação, poder, abandono.” Aí mora o sentido de uma antologia poética como esta. Joinville até os anos 1970 e 1980 não produziu nem um poeta capaz de se destacar no cenário nacional, hoje, paradoxalmente, é uma das cidades de onde saem um número incrível de poetas de qualidade. Muitos desses poetas terão sua passagem assegurada na história da literatura. Casos como o de Ramone Abreu Amando, Rubens da Cunha, Marinaldo da Silva e Silva, sem falar, é claro, no poeta Fernando José Karl, são raros. São poucas as cidades de um estado com nossa natureza que permitem coligir num só trabalho 15 poéticas."

    Organização


    "Uma antologia desta natureza exige um olhar generoso dos organizadores sobre o que se produz ou se produziu na cidade. É claro que nem todos que ali estão são gênios e gravarão seu nome para a posteridade literária (quem tem o nome assegurado nela?), mas todos que ali estão marcaram ou marcarão de algum modo a feitura poética exercida naquele espaço geográfico. Assim acontece com a história universal da literatura. Quando Octavio Paz diz que “um poema é um caracol onde ressoa a música do mundo” fico me perguntando que tipo de poema tem esse poder? Às vezes, e isso acontece, um poeta brilhante passa quase sem ser visto quando um e outro poeta mediano entra no leitor. Vai entender essa lógica? Mas no fim, tudo se assenta, veja o caso do Sousândrade e outros?"

    quinta-feira, 15 de outubro de 2009

    Global Editora faz Roteiro da Poesia Brasileira


    Lugar garantido no mapa



    Marco Vasques representa SC no último volume da Global Editora sobre poesia brasileira

    Por Edson Burg

    Joinville
    edson.burg@an.com.br

    Um roteiro coerente depende do desenvolvimento e da ação de seus personagens. "Roteiro da Poesia Brasileira", coleção da Global Editora que desde 2007 tem a missão de traçar um histórico de nossos poetas, chega ao seu último volume com mais um catarinense entre seus homenageados: Marco Vasques está entre os selecionados por Marco Lucchesi como um dos expoentes da "Geração 2000".
    "Roteiro da Poesia Brasileira" almeja mostrar a evolução da poesia do Brasil desde suas origens, no século 17, até os dias atuais. A coleção teve início em 2007 com os volumes sobre Raízes (seleção de Ivan Teixeira), Arcadismo (seleção de Domício Proença Filho), Parnasianismo (seleção de Sânzio de Azevedo) e Simbolismo (seleção de Lauro Junkes, membro da Academia Catarinense de Letras). Depois dos movimentos, o roteiro começou seu périplo pelos anos 30 e, década por década, chegou até a contemporaneidade.
    Em 15 edições, um passeio pela vida e obra por cânones como Carlos Drummond de Andrade, Vincíus de Moraes e Manuel Bandeira, entre tantos outros. Além de Marco Vasques, os catarinenses Lindolf Bell, Péricles Prade e Alcides Buss já foram selecionados para outros volumes da antologia.
    "É mais importante do que publicar um livro próprio", ressalta Marco. "A editora é a melhor no Brasil na publicação de poesias. Estar vinculado à essa antologia é colocar o autor na história da poesia do Brasil", complementa. Marco passou a infância e adolescência em Joinville e hoje mora na Capital, onde trabalha como gerente de polí­ticas de cultura da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte do Governo do Estado.
    O processo de seleção para a "Geração 2000" do "Roteiro da Poesia Brasileira" começou em 2006, quando o organizador Marco Lucchesi entrou em contato com o catarinense. "Eu não o conhecia. Ele soube do meu trabalho por meio de 'Elegias Urbanas' (livro de poemas de Marco Vasques lançado em 2005) e me pediu para enviar algum material", conta o autor. Em junho do ano passado, a própria editora confirmou a seleção de quatro poemas. Para Marco, uma forma de tornar sua obra poética conhecida no Brasil. "Participo de muitos eventos em outros estados brasileiros, e em alguns lugares meus livros não chegam. Agora, é diferente, é uma editora de alcance nacional", explica.
    "Roteiro da Poesia Brasileira - Geração 2000" deverá ser lançado ainda esse mês, em São Paulo. Além da antologia brasileira, recentemente Marco foi selecionado para participar do projeto "Máscaras de Orfeu", publicação que reúne obras de poetas brasileiros e da República Dominicana.


    Um dos poemas de Marco Vasques selecionado para a antologia.


    13
    "não desperteis nem acordeis meu amor,
    antes que ela o queira"
    (Cântico dos Cânticos)

    desde que foi dado a qualquer coração
    o itinerário histriônico de um palco onde a sucessão
    de camas borda seus lençóis com a gênese de gônadas
    os funerais já previam um berço na escadaria de Odessa
    desde que fui expulso da casa onde mais amei
    os olhos se fixaram na parede de um quarto
    e se alojaram nos furos dos tijolos
    para não mais se assustar com as gangorras de pneus
    que balançam fantasmas de gerações de suicidas

    se algo subtrai a cor das flores devolvidas
    é a ausência do perfume que ainda se precipita
    no abismo de uma sacada por onde antes olhei estrelas
    com gosto de manhã na pele
    e saliva trocada nos sexos
    ao banhar-me lavo pés que não são meus
    alimento-me com bocas de outros planetas
    durmo com o corpo que é fusão de dois estranhos
    com a luz do sol vejo
    o que dita a bengala
    pois meus olhos estão no reboco daquela parede
    desde que foi dado a qualquer coração
    o itinerário histriônico de um palco onde a sucessão
    de camas borda seus lençóis com a gênese de gônadas
    os funerais já previam um berço na escadaria de Odessa



    Conheça a Coleção "Roteiro da Poesia Brasileira", Global Editora
    "Raízes" - seleção e prefácio de Ivan Teixeira

    "Arcadismo" - seleção e prefácio de Domício Proença Filho

    "Romantismo" - seleção e prefácio de Antonio Carlos Secchin

    "Parnasianismo" - seleção e prefácio de Sânzio de Azevedo

    "Simbolismo" - seleção e prefácio de Lauro Junkes

    "Pré-modernismo" - seleção e prefácio de Alexei Bueno

    "Modernismo" - seleção e prefácio de Walnice Nogueira Galvão

    "Anos 30" - seleção e prefácio de Ivan Junqueira

    "Anos 40" - seleção e prefácio de Luciano Rosa

    "Anos 50" - seleção e prefácio de André Seffrin

    "Anos 60" - seleção e prefácio de Pedro Lyra

    "Anos 70" - seleção e prefácio de Affonso Henriques Neto

    "Anos 80" - seleção e prefácio de Ricardo Vieira Lima

    "Anos 90" - seleção e prefácio de Paulo Ferraz

    "Geração 2000" - seleção e prefácio de Mauro Lucchesi

    Poesia brasileira e dominicana

    Antologia reúne
    poetas brasileiros e dominicanos


    Máscaras de Orfeu (poesia brasileña e dominicana) é uma antologia que reúne 29 poetas e tem por objetivo criar um diálogo entre as estéticas praticadas por poetas contemporâneos brasileiros e dominicanos. São 14 poetas brasileiros selecionados pelo cearense Floriano Martins (poeta e editor da revista eletrônica Agulha) e 15 poetas dominicanos selecionados por Basílio Belliard (poeta e crítico de poesia da República Dominicana). Marco Vasques, do poetas no singular, foi um dos brasileiros selecionados. A edição é de 2009 e foi financiada pela Ediciones de la Secreataría de Estado de Cultura da República Dominicana.

    quarta-feira, 14 de outubro de 2009

    Umas poéticas singulares

    Já que a fronteira econômica nos dita o que vai e o que não vai ser absorvido pelo público leitor. Já que mercado editorial (com raríssimas exceções) não costuma apostar em experiências estéticas experimentais. Já que não é raro encontrar, entre nós, poetas que pagaram suas próprias publicações. Já que a crítica de poesia, e de arte em geral, está morta. Já que Octavio Paz escreveu em seu livro O Arco e a Lira: “A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual; é um método de libertação, interior”. Já que o livro o Vermelho e o Negro descoberto por Gregory Corso (quando preso por mais uma de suas delinquências) transformou um marginal em dos melhores poetas da Beat. Já que o corpo é ritmo. Já que o pensamento é ritmo. Já que poesia é jogo. Já que poesia é “um jogo com as palavras e a linguagem” (Valéry). Já que Leminski multiplicou os “Limites ao Léu”: POESIA: “words set to music” (Dante/via Pound), “uma viagemao/desconhecido” (Maiakóvski), “cernes e/ medulas” (Ezra Pound), “a fala do/ infalável” (Goethe), “linguagem/ voltada para a sua própria/ materialidade” (Jákobson),/ “permanente hesitação entre som e/ sentido” (Paul Valéry), “fundação do/ ser mediante a palavra” (Heidegger),/ “a religião original da humanidade”/ (Novalis), “as melhores palavras na/ melhor ordem” (Coleridge), “emoção/ relembrada na tranquilidade”/ (Wordsworth), “ciência e paixão”/ (Alfred de Vigny), “se faz com/ palavras, não com idéias” (Mallarmé),/ “música que se faz com idéias”/ (Ricardo Reis/ Fernando Pessoa), “um/ fingimento deveras” (Fernando/ Pessoa), “criticism of life” (Mathew/ Arnold), “palavra-coisa” (Sartre),/ “linguagem em estado de pureza/ selvagem” (Octavio Paz), “poetry is to/ inspire” (Bob Dylan), “design de/ linguagem” (Décio Pignatari), “lo imposible hecho posible” (Garcia/ Lorca), “aquilo que se perde na/ tradução” (Robert Frost), “a liberdade/ da minha linguagem” (Paulo Leminski). Já que a palavra vate significa possesso, inspirado por deus, aquele que está em transe. Já que vivemos num “estado alterado de consciência” (via Dennis Radünz). Já que em Satã Catarina impera o mundo das megalomanias cômicas. Já que não somos muitos, mas somos +10+/+10+. Eis nossa soma: umas poéticas singulares: múltiplos verbais. Só a lei do maior esforço nos interessa: a poesia. E é já e aqui que o leitor vai encontrar um recorte da nova poética produzida em Santa Catarina. As linguagens de Antonio Carlos Floriano, Cristiano Moreira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Raquel Stolf, Marco Vasques, Marcelo Steil, Valdemir Klamt, Ryana Gabech, Fernando José Karl são o diário de bordo desse blog.

    Marco Vasques,
    poeta e crítico de poesia.
    É curador e assessor de imprensa do site Poetas no Singular.