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quarta-feira, 25 de abril de 2012


Bomba Relógio

Clarice,
você removeu apenas uma
muleta

Eu,
joguei todas as minhas pernas
em uma janela folheada a ouro
no 12º andar

Estou nua na vida
sem corrimão, acesso, botão de desliga
bluetooth
apple

com apenas algumas aspirações
deixo a vida me atravessar

ancorei no deserto e tudo
me marcou tanto
que fiquei com medo de dizer seu nome

troquei o carro pela moto
convenci meu coração a desamar por ser um coração muito viciado
deixei a minha própria casa
fiquei familiarmente conhecida como louca
e braba
um bicho solto
sorridente e perigoso

Há um vago para onde fujo
mas é onde absolutamente já estou

Há anos venho tentando remover
as marcas de luta
no meu braço

E a agressividade dos meus gestos
definem o meu escudo
esse mesmo
que me impedirá para sempre
de cruzar o portal da leveza

o vácuo
não há remédio para o vazio

o eco
não há respostas
para as perguntas que as paredes fazem

para onde não sorri?
por onde escapar no caos
sem estancar a minha força?

Se é pra viver eu tenho que sonhar

Só isso aqui
não me basta.

Virei uma bomba relógio
e tenho medo
do meu silêncio

implodir.


Ryana

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