UMA CIDADE QUE REDESCOBRIU O RIO
Acabada a regata da volta ao mundo a cidade amanhece mais satisfeita. A palavra satisfeita traduz a sensação de se ter feito um trabalho apreciado, elogiado e isso se reflete no orgulho pessoal da cidade como um todo. Vi pessoas contentes, crianças se divertindo, um clima de civilidade que tomou conta daquele espaço delimitado, que aos poucos comportou nossa felicidade e o mais importante: nos trouxe de volta o rio.
Se existe alguma coisa bonita na paisagem de nossa cidade, esse lugar é o rio. Um rio grande, de larga travessia que com o fluxo dos navios e barcos de pesca, dá movimento e vida aos séculos de nossa constituição como povoado, vila, cidade. É o sangue que nos recicla, nos oxigena e portanto nos traz a vida. Não existe Itajaí sem rio porque é do rio que vem nossa grandeza. A cláusula pétrea firmada entre o homem e sua geografia.
Por mais que nos neguemos a sermos peixeiros, peixeiros é o que somos. Marinheiros é o que somos. Estivadores é o que somos. Comedores de siris, habitantes da margem direita, batizados pela luz que aqui é tão diferente, banhados pelo rio que aqui é tão generoso e ás vezes tão violento, inchando sua barriga de enchente e mostrando quem de fato manda.
Se a Volvo Ocean Race nos trouxe a alegria do evento, da modernidade e do novo paradigma cultural que muda a relação da cidade com os próximos eventos, especialmente a Marejada, nos trouxe de volta o rio, a beleza do rio e a possibilidade de aproveitarmos melhor o que ele tem pra nos dar.
Se nas últimas décadas empilhamos suas margens de construções públicas e privadas, se ao longo das décadas o escondemo como uma via suja de navegação, a regata nos mostrou outros caminhos. Que façamos mais pelo rio, que olhemos mais para o rio. Que amemos mais o rio.
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