O banho de buddah
a partir de um desenho de Fernando Karl
a cauda do peixe se abre
em devoção ao chapéu azul do oceano
liberta uma dúzia de pássaros
zelando o zoodíaco e o azougue
sobre as escamas de seu corpo.
o grafismo quase hebraico
tolda o olho do escriba,
delata a idade da tinta, dilata a íris
sob a luz do olho do Sr. Buddah.
Senhor Buddah anda na quermesse
à beira do rio donde dorme o peixe
colado ao barranco, onde sonha o peixe
com um chapéu azul boiando no oceano.
com a cauda do peixe emprestada
o Sr. Buddah nada com olhos cerrados
imaginando a escrita, cercado por caravelas
em pleno seu dia solar, sem velas, sem ar.
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