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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Poema de Cristiano Moreira

O banho de buddah

a partir de um desenho de Fernando Karl

a cauda do peixe se abre

em devoção ao chapéu azul do oceano

liberta uma dúzia de pássaros

zelando o zoodíaco e o azougue

sobre as escamas de seu corpo.

o grafismo quase hebraico

tolda o olho do escriba,

delata a idade da tinta, dilata a íris

sob a luz do olho do Sr. Buddah.

Senhor Buddah anda na quermesse

à beira do rio donde dorme o peixe

colado ao barranco, onde sonha o peixe

com um chapéu azul boiando no oceano.

com a cauda do peixe emprestada

o Sr. Buddah nada com olhos cerrados

imaginando a escrita, cercado por caravelas

em pleno seu dia solar, sem velas, sem ar.

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