Em 1994 fiquei preso por duas horas na estação de Ueno em Tóquio por causa de um tufão. Entrou pelo mar do Japão desde a China e arrasou uma vila de pescadores. Fiz este poema depois de ver os velhos reconstruindo suas casas como se não fosse a primeira vez. Isso é o que vai acontecer daqui a pouco depois da contagem dos mortos pela tsunami em Sendai.
o poema:
um paralelo
de luzes brancas na vertical
tínhamos a paciência
de esperar o tufão engolir a noite
sucumbir ao lento deslizar dos trilhos
trilhando a noite multicor de tóquio
surpreendo-me com a antevisão do futuro
a previsão da catástrofe
a certeza do day after
pasmo diante da conformação
a imposição do futuro
levantam-se
com o trabalho nas mãos
vão recriar a beleza
devolver aos nossos olhos
o que levou a natureza
Antonio Carlos Floriano
do livro CADERNOS DO JAPÃO
4 cenas em 4 instantes
Há 6 anos
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