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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Umas poéticas singulares

Já que a fronteira econômica nos dita o que vai e o que não vai ser absorvido pelo público leitor. Já que mercado editorial (com raríssimas exceções) não costuma apostar em experiências estéticas experimentais. Já que não é raro encontrar, entre nós, poetas que pagaram suas próprias publicações. Já que a crítica de poesia, e de arte em geral, está morta. Já que Octavio Paz escreveu em seu livro O Arco e a Lira: “A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual; é um método de libertação, interior”. Já que o livro o Vermelho e o Negro descoberto por Gregory Corso (quando preso por mais uma de suas delinquências) transformou um marginal em dos melhores poetas da Beat. Já que o corpo é ritmo. Já que o pensamento é ritmo. Já que poesia é jogo. Já que poesia é “um jogo com as palavras e a linguagem” (Valéry). Já que Leminski multiplicou os “Limites ao Léu”: POESIA: “words set to music” (Dante/via Pound), “uma viagemao/desconhecido” (Maiakóvski), “cernes e/ medulas” (Ezra Pound), “a fala do/ infalável” (Goethe), “linguagem/ voltada para a sua própria/ materialidade” (Jákobson),/ “permanente hesitação entre som e/ sentido” (Paul Valéry), “fundação do/ ser mediante a palavra” (Heidegger),/ “a religião original da humanidade”/ (Novalis), “as melhores palavras na/ melhor ordem” (Coleridge), “emoção/ relembrada na tranquilidade”/ (Wordsworth), “ciência e paixão”/ (Alfred de Vigny), “se faz com/ palavras, não com idéias” (Mallarmé),/ “música que se faz com idéias”/ (Ricardo Reis/ Fernando Pessoa), “um/ fingimento deveras” (Fernando/ Pessoa), “criticism of life” (Mathew/ Arnold), “palavra-coisa” (Sartre),/ “linguagem em estado de pureza/ selvagem” (Octavio Paz), “poetry is to/ inspire” (Bob Dylan), “design de/ linguagem” (Décio Pignatari), “lo imposible hecho posible” (Garcia/ Lorca), “aquilo que se perde na/ tradução” (Robert Frost), “a liberdade/ da minha linguagem” (Paulo Leminski). Já que a palavra vate significa possesso, inspirado por deus, aquele que está em transe. Já que vivemos num “estado alterado de consciência” (via Dennis Radünz). Já que em Satã Catarina impera o mundo das megalomanias cômicas. Já que não somos muitos, mas somos +10+/+10+. Eis nossa soma: umas poéticas singulares: múltiplos verbais. Só a lei do maior esforço nos interessa: a poesia. E é já e aqui que o leitor vai encontrar um recorte da nova poética produzida em Santa Catarina. As linguagens de Antonio Carlos Floriano, Cristiano Moreira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Raquel Stolf, Marco Vasques, Marcelo Steil, Valdemir Klamt, Ryana Gabech, Fernando José Karl são o diário de bordo desse blog.

Marco Vasques,
poeta e crítico de poesia.
É curador e assessor de imprensa do site Poetas no Singular.

Um comentário:

Linda Graal disse...

já que a fronteira
já que o mercado editorial
já que não é raro
já que a crítica
já que Octavio Paz
já que o livro
já que o pensamento
já que o corpo
já que o pensamento
já que poesia
já que Leminski
já que a palavra
já que vivemos
já que em Satã Catarina
já que não somos (são/ sãos!?)

...então estamos diante das singularidades multiplicadoras de significados que ateiam fogo nas palavras para a transubstanciação dos mapas que conversam com nossas leituras...e isso é maravilha!

sucesso com o site, brindemos todos!