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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CÓRREGO DA ALEGRIA

O Córrego Grande é um bairro que conserva uma dose necessária de intimismo, uma dose necessária de pessoalidade. É possível fazer uma via-sacra pelos bares sem um tostão no bolso, por exemplo. Você pode começar a beber no bar do Duda, passar no bar do Fifa, no bar do Bentinho, no bar do Maneca, no bar + Arroz e terminar no bar do Minga. Se o cidadão for do bairro, pode fazer tudo isso sem um real e ainda levar para casa os sorrisos e os apertos de mãos dos donos dos bares. Mas que não esqueça de voltar para pagar, fique claro!

No Córrego Grande você pode fazer umas comprinhas fiado no Mercado Ana Paula. Pode ainda, se quiser, tomar um vinho no Bistrô Varanda. Mas ali é preciso levar o cartão. Nos finais de semana você pode fazer um lanche no Quero-Quero ou no Balaka’s. Tanto faz. Ambos têm bons lanches e são locais de referência para se tomar a última da noite. No Córrego tem também um time de futebol chamado Cachoeira, dirigido pelo líder Sidiclei. É tanta pessoalidade que você vai na farmácia sem ter dor alguma só para bater um papo com a Cibele, a proprietária da Farmácia do Córrego. Você pode, ainda, cortar o cabelo na Barbearia do Léo ou na do Vargas.

É claro que os prédios vão surgindo, a paisagem vai mudando. As relações começam a ganhar ar de austeridade. Mas quem vive há mais tempo no bairro ainda consegue rir, se divertir e saber até o nome do gari, dos bêbados inveterados e do mendigo do bairro. Sim, porque todo bairro tem seu mendigo. Aqui no Córrego temos o Guga. Tem nome de campeão, mas vive dos restos.

No Córrego Grande também tem carnaval. E, finalmente, o Córrego Grande pode servir de exemplo para muitos políticos e lideranças da república de Bruzundangas. Por quê? Porque todos os líderes do bairro, ainda que tenham orientações políticas totalmente opostas, uniram suas forças. Então você tem o Mano, liderança conhecida de todos, o vice-prefeito João Batista, o Sidiclei, o Rubão. Enfim, todos que exercem alguma liderança se reuniram para fazer o carnaval e criar o bloco Córrego da Alegria. E funcionou.

A festa foi um sucesso, todos se divertiram. Tinha todo tipo de gente: crianças, jovens, pais e filhos, o bêbado chato, o solitário, o machão, o tarado, a arrogante, o inconveniente, o enrustido, o enlouquecido, isto é, toda complexidade humana reunida ao som da banda do bairro “Entre Amigos”. E já que o verdadeiro córrego, que corta o bairro, está cada vez menor e mais poluído, esperamos que pelo menos este Córrego da Alegria possa aumentar e inundar o bairro novamente.


Vasques



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