No Córrego Grande você pode fazer umas comprinhas fiado no Mercado Ana Paula. Pode ainda, se quiser, tomar um vinho no Bistrô Varanda. Mas ali é preciso levar o cartão. Nos finais de semana você pode fazer um lanche no Quero-Quero ou no Balaka’s. Tanto faz. Ambos têm bons lanches e são locais de referência para se tomar a última da noite. No Córrego tem também um time de futebol chamado Cachoeira, dirigido pelo líder Sidiclei. É tanta pessoalidade que você vai na farmácia sem ter dor alguma só para bater um papo com a Cibele, a proprietária da Farmácia do Córrego. Você pode, ainda, cortar o cabelo na Barbearia do Léo ou na do Vargas.
É claro que os prédios vão surgindo, a paisagem vai mudando. As relações começam a ganhar ar de austeridade. Mas quem vive há mais tempo no bairro ainda consegue rir, se divertir e saber até o nome do gari, dos bêbados inveterados e do mendigo do bairro. Sim, porque todo bairro tem seu mendigo. Aqui no Córrego temos o Guga. Tem nome de campeão, mas vive dos restos.
No Córrego Grande também tem carnaval. E, finalmente, o Córrego Grande pode servir de exemplo para muitos políticos e lideranças da república de Bruzundangas. Por quê? Porque todos os líderes do bairro, ainda que tenham orientações políticas totalmente opostas, uniram suas forças. Então você tem o Mano, liderança conhecida de todos, o vice-prefeito João Batista, o Sidiclei, o Rubão. Enfim, todos que exercem alguma liderança se reuniram para fazer o carnaval e criar o bloco Córrego da Alegria. E funcionou.
A festa foi um sucesso, todos se divertiram. Tinha todo tipo de gente: crianças, jovens, pais e filhos, o bêbado chato, o solitário, o machão, o tarado, a arrogante, o inconveniente, o enrustido, o enlouquecido, isto é, toda complexidade humana reunida ao som da banda do bairro “Entre Amigos”. E já que o verdadeiro córrego, que corta o bairro, está cada vez menor e mais poluído, esperamos que pelo menos este Córrego da Alegria possa aumentar e inundar o bairro novamente.
Vasques
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