Corri passo ar passo ar passo ar passo ar passo. Ofegantes braços grandes de Irôko. Uma ladeira: limo e chuva, dois pés 500 metros até Irôko. A casa da alma. Árvore que fala. Os braços da figueira para o alto. Machucados. O interior do tronco: desenho sobre raízes que brotam. Ondas de madeira atlântica. Canto úmido dos pássaros desabrigados, esquilos com fome, formigas a enfeitar a entrada da seiva. Sobre o rosto de Irôko a terra roxa. A lágrima e a sombra. Galhos altos. Pesados. Fincados na ladeira da inclinação. Passeio as mãos nos pés do povo-em-pé. Acaricio a pele da árvore, transpiro. Deixo lá um pouco do meu suor. Choro sobre as raízes-feto de Irôko. O corrimão da escada para o céu é áspero. Lavo o corpo, minha pele de crocodilo. Ouço o tintilar de um búzio. Desejo escalar Irôko. Morar na sua neblina, na sua passagem de anos, seus galhos calvos, suas rugas-mapas, sua firmeza branca. Que há além do caminho mais alto do último galho?
4 cenas em 4 instantes
Há 6 anos
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