"A moça do cabelo laranja", uma pintura de Fernando José Karl.
Coisa: aquilo que de algum modo é: assim coisa pode ser o Deus, uma linha de Paul Klee, um piano de Thelonius Monk, o areal, a xícara, o pão, o medo, o ventilador, a moeda persa, a clavícula, o aqueduto, a música de Mozart, o calabouço, o demônio, o vento, o abismo, a salgada branca espuma, o mantra, o astrolábio, o senhor Buddha.
Nenhuma coisa é quando falta a palavra. Somente quando se encontra a palavra para a coisa, a coisa é coisa. Não será essa coisa, o que e como ela é, algo em nome de seu nome?
Não se trata de agarrar com a palavra o que já está vigorando, nem de a palavra ser instrumento para a apresentação do que é dado. A palavra nasce no instante em que está sendo respirada: o uso é sua respiração.
A coisa: o Deus, uma linha de Paul Klee, um piano de Thelonius Monk, o areal, a xícara, o pão, o medo, o ventilador, a moeda persa, a clavícula, o aqueduto, a música de Mozart, o calabouço, o demônio, o vento, o abismo, a salgada branca espuma, o mantra, o astrolábio, o senhor Buddha: só começa a respirar quando usamos a palavra.
A palavra é que dá viço à coisa que, de algum modo, é. A pedra preciosa some quando a palavra falta. A palavra é um nada e esse nada é a voz do silêncio: a voz insonora. A voz do silêncio: aquilo que se ouve e não tem som. Aquilo que se ouve e não tem som, o que é? É nossa alma construída durante o tempo: e alma é dessa matéria indizível: diamante sonoro ou perfume de mulher.
Fernando José Karl
4 cenas em 4 instantes
Há 6 anos
Um comentário:
cuore che ama
As curtas horas de Romeu
Autor: Orácio Felipe
Sinopse:
- Mas que dor as horas retarda de Romeu? - Não ter aquilo que, se o tivesse, as deixaria curtas.
www.clubedosautores.com.br
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