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sexta-feira, 1 de julho de 2011

O TIGRE

Tigre, tigre que flamejas

Nas florestas da noite.

Que mão que olho imortal

Se atreveu a plasmar tua terrível simetria?

 

Em que longínquo abismo, em que remotos céus

Ardeu o fogo de teus olhos?

Sobre que asas se atreveu a ascender?

Que mão teve a ousadia de capturá-lo?

Que espada, que astúcia foi capaz de urdir

As fibras do teu coração?

 

E quando teu coração começou a bater,

Que mão, que espantosos pés

Puderam arrancar-te da profunda caverna,

Para trazer-te aqui?

Que martelo te forjou? Que cadeia?

Que bigorna te bateu? Que poderosa mordaça

Pôde conter teus pavorosos terrores?

 

Quando os astros lançaram os seus dardos,

E regaram de lágrimas os céus,

Sorriu Ele ao ver sua criação?

Quem deu vida ao cordeiro também te criou?

 

Tigre, tigre, que flamejas

Nas florestas da noite.

Que mão, que olho imortal

Se atreveu a plasmar tua terrível simetria?

 

 

William Blake

(Tradução Ângelo Monteiro)

 

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