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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Roger Camp, 1990



Você sabia que Jesus (Ie-su), em grego, quer dizer Deus-cavalo, espécie de Pégaso? Todo Deus-cavalo ou Pégaso é um Jesus, só que ainda não Khristós, ainda não Ungido. E olha que não falta ar para ungir o Deus-cavalo.

Pégaso (em grego Πήγασος) é um cavalo alado símbolo da imortalidade. Sua figura é originária da mitologia grega, presente no mito de Perseu e Medusa. Pégaso nasceu do sangue de Medusa, quando essa foi decapitada pelo poeta Perseu.

Por uma fenomenal patada do lendário Pégaso que feriu uma pedra, a Fonte Hipocrene foi criada. As águas dessa fonte possuíam a propriedade de fornecer a inspiração a quem dela sorvesse. Foi lá que Orfeu (o Deus da Música) recebeu sua instrução artística. Em torno da Fonte Hipocrene as Musas ainda hoje executam, com seus pés leves e incansáveis, graciosos movimentos de dança, e desfiam aos quatro ventos a harmonia de suas cristalinas vozes.

O poeta Perseu (que, às vezes, também se transformava numa Chuva de Ouro) decapitou a Medusa (o excesso da culpa que costuma petrificar a alma) e do sangue da Medusa nasceu Jesus (Ie-su): Pégaso ou Deus-cavalo.

Resumo: Assim, só posso concluir que, para tornar fluido o que nos petrifica, devemos decapitar o excesso de culpa, de tristeza e rir mais. O riso dispensa Deus e esterca as nuvens. O poeta Perseu (também conhecido como Chuva de Ouro), ao decapitar a Medusa ou Morte da Alegria, fez com que surgisse do sangue da monstruosa Medusa uma possibilidade divina ou Deus-cavalo ou Pégaso (em grego Ie-su), que só será Khristós (Ungido) quando esse Pégaso, com um de seus cascos, bater na pedra (naquilo que é duro, travado, taciturno), para que da fenda dessa pedra jorre a água cristalina da poesia, da dança e da alegria dos homens e das mulheres. Não custa nada parodiar aqui um verso de Helena Kolody: E do longo sono da terra, do longo sono da Medusa sombria, o carvão acorda diamante.


Fernando José Karl

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