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sábado, 8 de maio de 2010

Poema de Dennis Radünz do livro OSSAMA inédito

CUIDADO: VEÍCULOS


1/ [o estacionamento]

se desobedecêssemos
ainda em círculo concêntrico
as zonas do parqueamento
e nos desorientássemos
motores¦músculos¦assentos¦
nos comboios dos passantes
e nas procriações da espécie
em vagos de estacionamento

ou nos viesse vagarosamente
a roda em volta das errâncias
desde a origem das distâncias
no cesso andar das direções
(os descendentes dos fugados
mudados dentro das medulas
no acidental dos batimentos
e retumbados no descentro)

2/ [o acontecimento]


curássemos as máquinas
dos resíduos do arruamento
os carros-forte¦carros-leito
carros-bomba¦cargas-vivas
(e os pericarpos das carcaças
depois suspensas pela cauda)
e que nunca descuidasse-nos
o aceso insone dos sinais torrentes

como se a combustão interna
nos ressalvasse os porta-vidas
no quando nos atravessasse
o irrefreável do Automóvel
que no depois ultrapassasse
toda barreira entre as espécies
e inoculasse-nos o aço¦o freio¦o polietileno
no ponto morto entre as membranas:

como se carros começassem a nascer-nos nas arcadas
e esses ossos de mandíbula absorvessem-nos o dente

3 comentários:

Marco Vasques disse...

Vórtice. Víscera.

Rubens da Cunha disse...

para ser dito aos gritos. grande poema.

Marilyn Mafra disse...

perfeito!