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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um poema de Dennis Radünz

Do FASCÍCULO DE INSCIÊNCIA / Dennis Radünz



FASES DA FISIONOMIA

sobre um autorretrato de outra pessoa


a aparição em claro-escuro
sopesa o outro sobre a pele
entre uns nichos de tecidos
e as suas células moventes

(o que respira ainda é rosto
sobre o remoto sobre-rosto
nas carnações do movediço
e os seus maciços sinuosos)

mas a figura o escasseia
em levas de fisionomias
(pelame, voz, temperaturas,
cabeça posta sobre a febre)

e a dentição, sob o desenho,
devora adentro a identidade
caso o disfarce não falseie
o impossível da aparência

todo mesmo é diferença
( idades da alteridade )
todo retrato é insciência
feição da sobrenatureza

5 comentários:

Marco Vasques disse...

Como sempre: a abolição do acaso está sempre presente. Tudo está no seu lugar. Corroboro do entorno barroco: a opinião do Paulo de Toledo: Dennis é um dos melhores poetas do Brasil.

Ariadne Velasco disse...

que lindo! um poema sem emoção.

adoro o blog! bjus

ps:

FASCÍCULO DE INSCIÊNCIA é o nome de um livro inédito? procurei no google e nada...

Marco Vasques disse...

Sim, é o novo livro do Dennis... que pode mudar o título a qualquer momento se conheço bem a peça.

célia musilli disse...

Marco vim visitar o blog..todo poesia, muito bom! Um bj!

Marco Vasques disse...

Que bom que gostou. Veja também o site do coletivo SINGULAR:
www.poetasnosingular.com.br