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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DIANTE DO HOTEL BAY


Diante do Hotel Bay a mesma praia, o mesmo nevoeiro, o mesmo frio mais gelado que a água que anuncia a noite, o mesmo vento em que nenhum resquício de sombra pelas paredes brancas. Ela diz:
“Expulso a dor que dorme comigo”

E pronto, ela não tem mais a dizer, julga que está perto do fim porque a chuva cessou. O Hotel Bay com bicicletas encostadas. Nada sabe, apenas pronuncia palavras desesperadas:
“Necessito, para respirar, do mesmo nevoeiro, do mesmo frio mais gelado que a água”.

Como se ela tivesse culpa e talvez tenha não sei. Correntes de ar em todos os quartos do Hotel Bay. Uma confidência dela:
“Acabo no Purgatório, eu. Tudo sujo, tudo sujo, menos o vento que nunca se pode, nunca se pode mesmo ver nada com o vento".


Fernando José Karl

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