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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

POEMA SINGULAR

Após duas semanas fora do ar a seção POEMA SINGULAR retorna. Desta vez o poema selecionado é HOMUS INFIMUS, do poeta Augusto dos Anjos. A escolha é do elegíaco Marco Vasques. A proposta da seção POEMA SINGULAR foi idealizada pelo poeta Antonio Carlos Floriano. Na próxima semana o poeta Rubens da Cunha escolhe o poema de sua predileção. Boa leitura!



HOMUS INFIMUS

Homem, carne sem luz, criatura cega,

Realidade geográfica infeliz,

O Universo calado te renega

E a tua própria boca te maldiz!


O nôumeno e o fenômeno, o alfa e o ômega

Amarguram-te. Hebdômadas hostis

Passam... Teu coração se desagrega,

Sangram-te os olhos, e, entretanto, ris!


Fruto injustificável dentre os frutos,

Montão de estercorária argila preta,

Excrescência de terra singular.


Deixa a tua alegria aos seres brutos,

Porque, na superfície do planeta,

Tu só tens um direito: — o de chorar!


(AUGUSTO DOS ANJOS)

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