Acabo de ler a novela A senhora do Gelo de Fernando Karl que será lançada em breve pela Letras Contemporâneas. Devo dizer oq ue disse ao Karl em um mail que acabo de escrever: que a novela provoca a potência da poesia mesmo se não soubermos o que é isso, a poesia. Foi como por a mão em um fio desencapado, sentir a água gelada de um mar de inverno. A Senhora do Gelo é uma novela elaborada a partir do olhar de um narrador que busca a memória dentro de um casarão colonial, como o personagem de W. Jensen persegue os passos de Gradiva. Uma escavação da própria linguagem à sua nervura. Como escreveu Foucault sobre Robbe-Grillet, "a nervura daquilo que não existe tal como é". A Senhora do Gelo, objeto de desejo do narrador é a musa do impossível, falena inflada pelo vento.
4 cenas em 4 instantes
Há 6 anos
Um comentário:
que bom!
estou com muita vontade de ler essa prosa poética do Karl. E acho que o pessoal deveria conhecer mais a poesia dele. Tem muita gente ainda pra descobrir os bons poetas daqui. Já curti um trecho. Achei denso. Creio que o livro pede um bom momento. O ideal seria à beira-mar, não? rs
e legal lembrar do Robbe-Grillet, que é tão massacarado, que às vezes até esquecem de falar das coisas boas que escreveu.
abraços
Eduardo Silveira
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