POR MARCO VASQUES
Publicado no jornal Notícias do Dia [20/08/2012]
Em alguns casos se chega à verdade com muita facilidade. Quando se trata de bar, a coisa fica mais simples ainda. Inventamos inúmeros motivos às companheiras: a sinuca, o dominó, assistir ao jogo de futebol, o baralho, a dobradinha, o mocotó, a almôndega, rever os amigos. Enfim, arrumamos uma série de desculpas, quando na verdade, a tal da verdade é apenas uma: vamos ao bar pelos atrativos etílicos. É a cerveja, o campari, a caipirinha, o vinho, a vodca, o uísque, a cachaça, o underberg, o maracujá e toda essa farmacêutica secular que nos conduzem aos bares.
O bar do + Arroz tem tudo isso. Nas quartas, de quinze em quinze dias, é oferecida uma dobradinha excelente por apenas R$10. Um jantar por apenas 10 pilas? Só no Córrego Grande mesmo. Nas sextas-feiras, também quinzenalmente, servem um mocotó pra lá de especial, pelo mesmo preço. A almôndega é uma das melhores da cidade. Tem sinuca e dominó, com muita, mas muita gozação aos perdedores. Quanto à farmácia, nem precisamos falar, já que o grosso, o motor, o carro chefe de qualquer bar, muito obviamente, é o líquido estonteante.
No entanto, o bar do + Arroz é um lugar especial para se frequentar porque é visitado por figuras como o Valtinho, cliente desde quando lá era o bar do Júnior. O Valtinho está sempre com o copo de campari ou uísque na mão, com um sorriso imenso no rosto e com um humor de meter inveja. Tem a turma composta pelo Dico, Renato, Elemar, Ninho, Júlio e Serjão. São silenciosos, bebem conversando com o líquido, meio que confessando algum segredo. Tem a turma do barulho formada pelo Sidclei, Vidal, Mosca, o Marcelo e o Moisés. Os visitantes esporádicos: o Tomé, o Sérgio. Existe no bar do + Arroz até uma categoria incomum: o homem-festa. Sim, o Martendal, sozinho, já é uma festa. Não podemos esquecer do Ézio, que jogou até com o Garrincha.
O bar do + Arroz ainda conserva aquela atmosfera familiar, intimista e amigável, características que começam a ser ameaçadas pela quantidade excessiva de prédios e pela especulação imobiliária. Não duvide, caro leitor, se em poucos anos, no lugar do bar do + Arroz e do Minimercado Ana Paula, seja erigido um prédio de luxo.
Enquanto isso não acontece, para alegria da galera, o + Arroz vai conduzindo esse barco ébrio inundado por mundos imaginados. Se o leitor acha difícil conhecer a verdade, é só dar uma passadinha lá. Lugar onde podem ser encontradas milhares de verdades e certezas, tantas que acabamos embebidos numa imensidão de dúvidas. É preciso acreditar nas verdades e nas certezas bêbadas, pois as sóbrias são sombrias.
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