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sexta-feira, 3 de agosto de 2012


Poema de sete dribles - José Henrique Calazans

Quando ele nasceu, um anjo negro de pernas tortas, 
os deuses da bola disseram: 
Vai, Mané! ser o palhaço dos campos.
As arquibancadas espiam admiradas 
enquanto os zagueiros correm atrás da bola. 
Talvez eles até conseguissem alcançá-la, 
não fosse o gênio da camisa sete.
Os adversários passam cheios de pernas: 
um, dois, três “joões”. 
De onde vem tanta habilidade? pergunta meu coração. 
Porém meus olhos 
não perguntam nada.
O homem atrás da camisa alvinegra 
é simples, brincalhão, generoso e boêmio. 
Tem muitas mulheres 
e inúmeras glórias 
o homem atrás da camisa alvinegra.
Meu Deus, por que tiraste do povo essa alegria, 
se sabias que não haveria outro igual, 
se sabias que o povo a continuaria sofrer?
Mundo mundo vasto mundo, 
nem ao menos por um segundo 
alguém teve tanta ginga no ataque. 
Mundo mundo vasto mundo, 
mais vasto era o encanto do craque.
Eu não devia te dizer 
mas esses dribles 
mas esses gols 
botam a gente comovido como o diabo.

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