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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cartier-Bresson (1908-2004)



1.

você é dente de sabre
eu não, eu sou abre-te sésamo
o meu pecado mora ao lado
o meu pecado é passar a língua
ali onde plantas e peixes
sabem mais que santos
ali contemplo uma pequena chuva

2.

este poema é pra ser
um peixe de escamas de prata
estirado na cama vazia
um peixe sou na cama fria
se não vens
nessa noite chuvosa
sou
um
peixe
que
apodrece
com
uma pérola entre os dentes

3.

pedi água para beber
à tua bola de cristal
à tua pele pedi
que respingasse
na pele que lavo
absorto
para sempre absorto
nos mil dias de orvalho
que guardas entre as coxas


Fernando José Karl,
um animal impossível do espírito

Um comentário:

Marco Vasques disse...

Realmente, a linguagem é o essencial: abusas nos teus linguajares. Boa amigo!