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sábado, 21 de agosto de 2010

ESTUDAR E VIVER - Crônica de Rubens da Cunha

Eu li num outdoor de uma faculdade à distância o seguinte slogan: “Ensino para vencer com tempo para viver”. No princípio, pensei que tinha lido alguma coisa errado, mas depois, olhando bem, percebi que o slogan que move a campanha publicitária da dita faculdade é esse mesmo. Além disso, tinha uma mulher com os braços levantados e sobre ela uma águia, reforçando ainda mais a ideia de liberdade distanciada de qualquer disciplina, ou esforço, que o estudante tenha que ter. Eu busquei na memória minhas aulas de análise do discurso (todas presenciais) para entender melhor essa frase. O sentido mais óbvio que a faculdade quer passar é que ficar durante algumas horas todos os dias numa carteira, ouvindo um professor, estudando, aprendendo pelo esforço e pela concentração não é viver. Que viver é fazer qualquer outra atividade, como por exemplo andar debaixo de uma águia com os braços levantados, menos estudar: no outdoor não tinha nem de longe a figura de um livro, de uma apostila, ou qualquer coisa que “carregasse” o conhecimento. Mas tinha um belo pôr-do-sol atrás da mulher, aquele mesmo que você perde porque está indo para a faculdade presencial. Não sou muito tradicional, acredito que o modelo atual da educação brasileira precisa ser alterado, acho que muitas vezes a escola é tolhedora da criatividade, da inteligência, mas uma faculdade expor num slogan que seu principal serviço corresponde a não viver e que, por isso, as aulas presenciais são apenas uma vez por semana, ou seja, você morre bem menos do que os alunos das outras faculdades que vão à aula todos os dias, é algo bem preocupante. Não é nem tanto o ensino à distância, uma realidade provavelmente irreversível, que me deixa indignado, mas fazer desse aspecto negativo dos tempos contemporâneos o seu lema. Afinal, ir a uma faculdade ainda é algo bem interessante, ouvir, conversar, debater, aprender um assunto ao vivo é sempre instigante, e claro, tem os aspectos extra-classe: as festas, as amizades, os contatos, a vida real que acontece num campus e que a faculdade à distância, por sua característica básica, não pode ter. Pois a faculdade a que me refiro faz de sua deficiência uma qualidade, estabelece que estudar é ruim, é chato, que ir às aulas é um esforço inútil, que vencer é muito mais fácil quando você vive longe da sala de aula. Vai lá cumprir tabela uma vez por semana. Em alguns casos, vai na escola só para fazer as “terríveis” provas. O slogan é uma ode à preguiça, à lei do menor esforço, aquela mesma que movimenta o mundo desde que ele é mundo. Obviamente, me dirão: para que ir todos os dias à faculdade se você pode ir uma vez por semana e aprender o mesmo? Para ir, para sair de casa, para ver que estudar mais que obrigação é algo bom, divertido, e que diferente do que prega o slogan, estudar está diretamente ligado ao viver.


Rubens da Cunha

3 comentários:

ítalo puccini disse...

o mal veio para ficar,
haha.

abração!

Anônimo disse...

A idéia da águia é você ser livre porque a educação liberta e te leva a patamares superiores. Mas não necessariamente precisaria receber o conhecimento empacotado ou prescrito por um só professor dentro de uma sala de aula , ou ficar cinco dias por semana. No Ensino a distância o aluno tem o tutor presencial que é um personal , um guia, um facilitador que o instiga e desafia a buscar mais , a querer conhecer com profundidade o que uma grande equipe multidisciplinar de mestres e doutores prepara com muita antecedencia para ele conhecer.
O Ensino a distância exige muito esforço, disciplina e determinação .Por isso, não é para todos.

Unknown disse...

Um desenvolvimento importante no pensamento atual sobre a educação é que agora reconhecemos a necessidade de os alunos desenvolverem habilidade de aprendizagem por toda a vida.
A internet é um mecanismo ideal para incentivarem os alunos a assumirem a responsabilidade pelo seu próprio aprendizado, tornando se participante ativo na sua busca pelo conhecimento.
Anos atrás , admitia-se que havia mais conhecimento dentro da sala de aula do que fora dela. Hoje há muito mais conhecimento fora da sala de aula. Além disso, dada a diversidade de estilos de aprendizagem, é difícil, se não impossível empacotar o mundo do conhecimento para atender as necessidades individuais do aluno.Cada vez mais o papel do professor é facilitar o aprendizado e não prescrevê-lo. Aprender torna-se um processo em evolução, em vez de um conjunto prescrito de tarefas; e , no relacionamento do professor com o aluno, o papel do professor muda da autoridade que sabe tudo para o facilitador, conselheiro e guia.
Enganam-se aqueles que pensam que a aprendizagem a distância é um caminho mais fácil para estudar.Ainda que mais flexível e mais conveniente, não é mais fácil pois implica em um desafio maior do que a aprendizagem presencial porque não é possível ao aluno “encostar no professor e ficar esperando que o conhecimento seja entregue a ele como um prato feito. EAD é exatamente ao contrário disso. É para pessoas que sabem o que querem e estejam dispostas a se empenhar, com inteligência e determinação, para adquirir novo conhecimento.
A EAD está crescendo rapidamente num mundo onde o conteúdo de conhecimento científico humanístico e artístico é cada vez mais modular Com o crescimento da web 2.0 ( processo comunicativo, interativo e colaborativo , multidirecional – conteúdos produzidos pelos próprios usuários , de modo descentralizado, voluntário representando não uma voz de autoridade , mas uma sabedoria vinda das massas, das pessoas que antes não tinham como se expressar e ser ouvidas por um público tão grande, uma inteligência coletiva, caracterizada pelo espírito de compartilhamento, de participação numa grande conversa e interação. Ex blogs ; Wikipédia ;Youtube, sites – facebook, Orkut, flickrt e twitter.