POR MARCO VASQUES
OBJETO DE FÁBULA
O espetáculo Objeto de Fábula, da companhia italiana La Voce delle Cose, apresentado neste último dia do Festival Internacional de Teatros de Objetos, é mais uma contação de histórias que propriamente uma carnação dos objetos. As histórias contadas são a da criação do mundo a partir de duas possibilidades: a teoria do Big Bang e a teoria divina. Depois o ator passa pelas narrativas infantis dos Três Porquinhos, da Cinderela e, finalmente, a de Chapeuzinho Vermelho. O ator tenta envolver o público ilustrando sua narração com objetos construídos, em sua maioria, com sobras recuperadas do dia-a-dia (tubos de plástico, bonecas, bacias, parafusos, regadores, esponjas, embalagens de alimentos). Ainda que se justifique a tentativa de reaproveitar tais objetos e que se busque dar novos sentidos a eles o ator Luì Angelini não consegue fazer com que o público acredite na sua manipulação. O que resulta num espetáculo frio, sem energia e de pouco refinamento estético. É sabido que a companhia goza de respaldo internacional pelas suas experiências com o teatro de animação, contudo, o espetáculo Objeto de Fábula consiste numa fábula sem objeto porque a carnação dos objetos não acontece e não se consegue extrair um respiro, uma centelha, uma ação própria que faça os objetos manipulados reverberar no público.
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