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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Henry Horenstein




LES BAINS DE CARACALLA


Sonhei tanto, sonhei tanto,
que não sou mais daqui.

León-Paul Fargue




Às águas da piscina de Caracalla levo a alma,
– na piscina nadam cinco Danaides –,
levo a sede às cacimbas.
Com pureza entro na barca do pensamento;

agora sei que as Danaides
é que arejam a língua da piscina.
Há dentro de mim uma água que não existe.
Há uma fonte além do vento e da morte:

nela água é humilde.
A cisterna que a contém recende
a um acorde de pólen.

A música é haste de gramínea
entre os cabelos das Danaides.
Esqueci minha língua de piscina

no tímpano de uma delas – a com o leque.

Fernando José Karl,

um animal impossível do espírito



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