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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Duas passagens - Rubens da Cunha

O filho degredou-se por quarenta noites. Buscava os bálsamos do pai. Encontrou entre misérias e luxúrias o outro há muito sonhado. Não o pai, o outro que fora irmão nos campos idos do gênesis. Andavam em saudades os dois. Se houve mesuras, não se sabe. Soube-se apenas do ódio (construtor de interrogações em desespero) e do filho, que frágil, recusou-se humano, porque assim estava escrito: “Nas estâncias de Deus, somente aquele que despir-se do abismo perdoará a fome sem resposta dos impuros”.


Nas terras da Judéia, uma pecadora condenada por deitar-se com a dobrez insípida dos homens. Mas antes que sua morte começasse levaram-na aos olhos do Messias: “Mestre, a esta mulher confiamos nosso segredo: somos César, quando dentro de seu ventre guerreamos com as ventas tangíveis do poder. Ela agora nos trai, pois se recusa ao fingimento que nos salva.” O Messias apenas disse: “A vossa salvação estava no ódio que percorreu cada esgar desta mulher. Os que foram salvos, podem matá-la”.

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