Quando menino perguntou à mãe, e o cachorro? A mãe: o cachorro morreu. Então atirou-se à terra coalhada de abóboras, colou-se a uma toda torta, cilindro e cabeça ocre, e esgoelou: como morreu? como morreu? O pai: mulher, esse menino é idiota, tira ele de cima dessa abóbora. Morreu. Fodeu-se disse o pai, assim, ó, fechou os dedos da mão esquerda sobre a palma espalmada da direita, repetiu: fodeu-se. Assim é que soube da morte.
Afinal somos feitos pra quê, hen? afinal você aprende aprende, quando tudo está pertinho da compreensão, você só sabe que já vai morrer. que judiaria! que terror! o homem todo aprumado diz de repente: quase que já sei, e aí aquela explosão, aquele vômito, alguns estertores, babas, alguns coices, um jato de excremento e psss... o homem foi-se.
Escreve, filho da puta, escreve! e não vai cair babando em cima da máquina, ela não merece isso.
Hilda Hilst: Com Meus Olhos de Cão
Afinal somos feitos pra quê, hen? afinal você aprende aprende, quando tudo está pertinho da compreensão, você só sabe que já vai morrer. que judiaria! que terror! o homem todo aprumado diz de repente: quase que já sei, e aí aquela explosão, aquele vômito, alguns estertores, babas, alguns coices, um jato de excremento e psss... o homem foi-se.
Escreve, filho da puta, escreve! e não vai cair babando em cima da máquina, ela não merece isso.
Hilda Hilst em Estar Sendo. Ter Sido.
Um comentário:
hilda é demais de bom!
Postar um comentário