Se o leitor de um texto nada mais é que um cisne tenebroso, eu não quero ser o Rei dos Mortos, mas, como disse Aquiles a Odisseu, quero ser o pastor mais pobre da terra. Se o caqui é tão intenso quanto o Arraial do Cabo, e o zangão tão surpreendente quanto as lianas no bosque, se o pente de tartaruga é tão intenso quanto as escamas do lagarto, e a fronha do travesseiro tão surpreendente quanto o mel, se o búfalo é tão intenso quanto o véu de Ísis, e a cópula furiosa dos galgos de El Greco tão surpreendente quanto o Convento das Carmelitas Descalças, se o único desejo é ser – não eterno – mas a música de um grafismo de Paul Klee, só me resta acrescentar aqui o texto de Jorge Luis Borges citando Enrique Banchs, num ensaio sobre Gôngora: “Como é seu dever mágico dão flores as árvores”.
Fernando José Karl
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