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sábado, 21 de maio de 2011

KIOTO

De longe se avistava Kioto. Nada se apressava depois da longa e lenta viagem de duas vidas. Desviaram um dia em Hacone para ver as folhas e o tori vermelho plantado no meio do lago, mas finalmente chegaram. Ali estavam, como previsto no sonho: o templo dourado e os monges respirando em silêncio. Tinha sido o combinado por eles por doze anos. Chegar à Kioto. Enquanto anotava o momento, o que era poeta parava para olhar a cidade bem de longe, como fez um dia Hokusai ao ver o Fuji san atrás das ondas em Kanagawa. O momento em que a geografia um dia imaginada, se mostra por  inteiro. A única palavra que se decifrava deste seu primeiro poema foi koi, a carpa dourada que viram nadando num poço, entre as sombras, como uma mancha móvel iludindo seus olhares de estrangeiros.

Antonio Carlos Floriano

Um comentário:

Anônimo disse...

esse texto é tão puro quanto o orvalho

karl