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sábado, 6 de março de 2010

O Reparador - Rubens da Cunha

O reparador

Amor novo. Mentiu-se reparador de tudo. Ela, claro, aproveitou: lâmpadas, chuveiros, pias, bacios de banheiro, portas, janelas e paredes. Ele, no começo, não reclamava, pois ela sempre o amaciava antes com um amor de coxas, uma boca mais atenta, um gemido mais dentro. Reparou a casa da sogra, da madrasta, da tia com parkinson, da vizinha virgem e de quem mais ela pediu. Um dia disse que estava cansado, que não queria atravessar a cidade para reparar a casa da prima em terceiro grau. Ela, claro, amuou. Salgou demais a comida, manchou sua melhor camisa, negou-lhe os gemidos de que tanto gostava. Por fim, ele atravessou a cidade para reparar as coisas da prima. Não voltou mais. Eulália, a prima, tinha artimanhas bem mais intensas e não lhe cobrava pelos serviços. Dizia que homem seu não iria fazer coisas inúteis. Até onde se sabe continuam se amando sob as goteiras.

2 comentários:

Marco Vasques disse...

Estou rindo até agora.

Deborah O'Lins de Barros disse...

adorei :-)
isso sim é que é "8 ou 80"

abraço,
Deborah (amiga do Enzo)