DA UNIÃO
Andréa encontra a amiga Márcia, que caminhava em sentido contrário, e param para trocar algumas palavras:
- Como vai o Ronaldo?
- ...
- Vamos, Andréa, como está o Ronaldo?
- ...
- Tudo bem! Não quer falar, certo? Eu soube de tudo. Como ele teve coragem? Depois de tanto tempo. Os filhos já formados e casados. Ela era bonita, pelo menos? Logo você! A nossa princesa do colegial, a nossa garota do bairro! Como ele pode fazer isso?
- ...
- Deve ser triste uma separação. E os filhos? Quem fica com a Júlia? E o Marcelo? Coitado do Marcelo. Um doce de menino. O que vão dizer na escola? Você também... Quem diria! Há quanto tempo vocês estavam casados?
- Estamos casados faz 35 anos!
- Então quer dizer que você não deixou aquele malandro? Eu não poderia conviver com a ideia da traição. Se Carlos me trair, vai parar no olho da rua, pode acreditar. E tem mais: eu mato aquele desgraçado. Se um dia eu souber! Ele que não se atreva. Agora o Ronaldo! Quem diria. Um homem tão sério, bom profissional e excelente pai...
- Há de se pensar muito antes de deixar um homem como o Ronaldo.
- O quê? Eu não estou acreditando no que ouço. A liberação das mulheres nos possibilita viver sozinhas, sentar numa mesa de bar e beber o quanto quisermos, escolher os homens com quem queremos transar... Nossa... Muita coisa mudou. Somos mulheres livres!
- Márcia, querida, Ronaldo é um engenheiro bem-sucedido. Tem um padrão de vida superior ao de praticamente 95% dos homens de nosso país.
- Eu não acredito! Você tem sua carreira!
- Márcia, aprenda uma coisa... Eu tenho 55 anos. Ele, 59. Traiu-me com uma pistoleira. Estamos na fase em que a carne arrefece. Tenho pouco mais de 25 anos de vida. Você acha mesmo que vou deixar o BC para uma putinha qualquer?
- Ele ainda é Bom de Cama?
- Não! Quer dizer... BC não é Bom de Cama!
- Então... O que vem a ser BC?
- Banco Central, sua tola. O meu ganho é periférico, sou um cofre estadual. - Ele é o da União, entendeu?
- União... Ah! Da União... Entendi!
3 comentários:
Marcos, virei sua fã.
abraço,
Deborah
Obrigado, eu resolvi tornar as crônicas menos densas, mais corriqueiras. Depois eu volto ao normal. Grato pela leitura.
Marco
BC , muito bom isso.
Um abraço,
Adriana
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