1. Vi um funeral tão pobre, que não havia nem mesmo o morto no caixão. Quem vinha atrás chorava. Eu também chorava, sem saber porquê, no meio da névoa. Eu acordo de uma grande noite de sono e de sonho. Sabiam os gregos que o sonho é uma astúcia da vigília. Quando se estilhaça o espelho do significante e se penetra surdamente no evento da palavra.
2. Foucault pronuncia a frase: “A marca do escritor não é mais que a singularidade de sua ausência”.
3. Imre Kertész destila sua ramagem sábia: “Em meio ao grande ruído que nos rodeia, é fundamental criar um pequeno silêncio dentro de si para poder começar a pensar com serenidade, já que tudo começa no pensamento”.
4. Sonhei tanto, sonhei tanto, que não sou mais daqui. Escuto, no sonho, e todo sonho é uma astúcia da vigília, escuto algo pronunciar que eu devo ir às linhas de um poema intitulado Le bains de Caracalla.
Fernando José Karl
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