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sábado, 2 de outubro de 2010

Os dias lindos


Na ilha de São Francisco do Sul, a Vó Ana e minha filha Shânkara Lis, quando ela estava com 6 anos.


queima
a ausência irremediável de Ana queima
não pode haver consolo se o adágio cessa
se o vento cessa no meio do mar

queima
nunca mais os pés escalavrados de Ana
não pode haver consolo: os verdes olhos escurecem
se os tímpanos nunca mais escutam o angelus

queima
as janelas fechadas
apenas um metro de mar soube que Ana nunca mais

queima
nunca mais a sombra de Ana pelo chão
nunca mais a voz de Ana que tecia nó de ouro no ar



fernando josé karl

2 comentários:

Marco Vasques disse...

Maravilha! Queimou em mim também. Abração amigo. A ausência é mesmo essa presença que queima, queima e reverbera.

Profº. Cristiano Moreira disse...

karl,meu caro desbravador do oeste.
este teu poema é daqueles que é triste,mas paradoxalmente causa uma alegria imensa,pelo fato simples de promover um encontro com a poesia.
urra!!