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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mitografia líquida

são várias as águas deste rio

são nossa maquina mitográfica

são miríades de fontes que o alimentam

da chuva que põe pão e pânico

das lágrimas pelos ausentes

e também daquelas de crocodilo

que habitam margens batizadas

com suas águas cujo nome é simples

linguagem de homens nus.

as águas deste rio não não são

nossa máquina mitológica, pois

inapreensíveis são as águas

de um rio

tão repleto de mortos.

inapreensíveis mesmo sob a lógica

das marés e seu tempo de sístoles e diástoles

ainda mias inapreensíveis;

quando este rio

torna-se mar e dissemina-se

em mares e/ou quando tornam-se

águas de rio em outros lugares.



Cristiano Moreira

2 comentários:

Anônimo disse...

cristiano: o precioso na espinha dorsal de tua escritura é sempre a tua voz única, singular

e tua voz está vincada com as vinhas primordiais de antes do princípio do mundo

se até agora v. não tivesse escrito nada, ainda tua voz ressoaria no oboé da primeiro reboo humano

karl

Anônimo disse...

onde escrevi:
da primeiro reboo humano
leia-se
do primeiro reboo humano