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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Aproximações de um espantalho

Inicio aqui a postagem de um trabalho em andamento, um trablaho em aberto que aceita e solicita ao s leitores que sugiram, que indiquem outros espantalhos, Trata-se de uma aproximação do poema como um corpo que deixa vestígios, um corpo deambulatório, contrário do objeto imóvel, da estagnação. São poemas tratados como espantalho, criatura feita a partir de restos: calças que já não a ninguém serve, camisas que nem a folguedos juninos bastam e palha sem nutrientes para os cavalos. Assim, existem espantalhos perambulando em toda cidade como fantasmas. Os cacos do cotidiano, o despercebido na multidão, um suspiro ousado por uma mulher que acaba de perder algo ao atravessar a rua. Algo que, perdido, já não o é em conjunto com outros corpos esquecidos. Estas aproximações de um espantalho são movimentos que tangenciam corpos, como um toureiro na arena dança no limiar do toque, entre o prazer a possibilidade da morte. Por fim, o lugar (se é que isso existe) de onde surge o motor dessas aproximações, aproximações do desconhecido, do esquecido; o ponto de partida desta viagem está em um livro de Luis da Camara Cascudo, Geografia do Brasil holandês, de 1956. Neste livro o escritor da estirpe de Franklin Cascaes, aponta para um limiar no mapa de Marcgrave desenhado em 1588 em cujo espaço está marcado a serra da Paçira, antes monte Trovão ou Serra do Abalo. Ainda uma curiosidade, o Paulo Leminski também fala deste cara, mas escreve Marcgraf. Ta lá, no Catatau (livro de 1975). Camara Cascudo, escreve que esse lugar mais espantava que atraía os aventureiros pois, ‘Isolado, posto no meio da solidão, era a fronteira, o limite absoluto de tudo quanto se sabia’. Daqui surge a ideia de armar um movimento de aproximação de um corpo pouco conhecido, pouco dado a conhecer-se plenamente como é o caso dos poemas. Sempre um ir além. Mais uma nota importante de como cheguei até este Báçira (corruptela da Serra da Paçira). A referência está no último livro do escritor pernambucano Osman Lins chamado A rainha dos cárceres da Grécia, de 1976.

aqui então o mapa:



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