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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema

Agora a pouco (22 h), Eduardo Moreira(que não é meu parente), um artista visual da mais alta estima, telefonou-me e após uma agradável conversa de quase uma hora, escrevi este poema. A prosa alimenta o poema, a provocação destas conversas gera certo atrito, produz imagens, (provoca o imaginário). Faço então um juntamento dessas imagens e as embrulho em um objeto que chamo de poema. Só isto.

"hora en que la yerba crece
en la memoria del caballo"
Alejandra Pizarnik


ruidos de patas duras
como água de chuva
sobem o passadiço

descem pela escotilha
clarabóia ou furo
que toda imagem
ou palavra carregam
presa à nuca

patas cruas como
tinta fresca pisam
minha cabeça

estrala a espinha de peixe
dentro daquele deserto
-minha cabeça-
povoada agora por trotes
rostos do caravançarai iluminados
pelos archotes presos nos molares

traço a língua que sobra
sob o peso desta pata
que por sua vez soçobra
na vastidão do vazio

habito. onde?



Cristiano Moreira

Um comentário:

Marco Vasques disse...

É isso aí: singulares neles!