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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Bill Brandt, 1966



SE EU MESMO FOSSE O INVERNO SOMBRIO

(A cisterna --- Opus 1)

Caí na cisterna abobadada de Bahr El Khabeer

para escutar mel nas ostras,

para escutar a fonte dos tontos,

para escutar o sumo solar.

Aqui na cisterna tenho orgias de latim

e sou virgem de mulheres.

Meus olhos cobertos por vidros fumados,

de aros muito grossos e talvez prateados.

A cisterna mormacenta sufoca,

enquanto rememoro as cavilações

daquela noite de runas que vaticinou:

eu só poderia clarear o inverno sombrio

se eu mesmo fosse o inverno sombrio


Fernando José Karl,
um animal impossível do Espírito